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Partidos Políticos

By admin | Março 28, 2008

No Brasil não saímos ainda da era do primitivismo político, caracterizada pelas formações partidárias em função de pessoas e de interesses. Há partidos cuja única finalidade é apoiar governos. Afinal, não representa o governo um grande sistema de interesse? Ter na mão o poder não significa dispor das funções públicas, ter a possibilidade de nomear, de distribuir cargos e benefícios, de favorecer ou contrariar determinados negócios?

Está claro que todos esses partidos estão voltados, mais cedo ou mais tarde, ao perecimento. Desaparecerão com as próprias conveniências ocasionais de que são emanações efêmeras e artificiais.

Hodiernamente, nenhum partido poderá subsistir sem uma concepção social definida e sem a firme determinação de executar os corolários e conseqüências práticas dessa concepção. Os partidos só poderão sobreviver quando, objetivamente, possuírem um conteúdo social e, subjetivamente, traduzirem uma convicção em torno desse conteúdo, isto é, em torno de determinadas soluções consideradas essenciais ao progresso e ao bem-estar social.  

Onde não são essas soluções, onde não são os postulados e as idéias que aglutinam os cidadãos em associações políticas, os partidos não terão consistência, não terão substância nem coesão, porque lhes faltará o elemento polarizador das consciências, o vínculo unificador das vontades, a causa comum pela qual se batem todos aqueles que comungam do mesmo ideal, seja qual for a classe ou hierarquia social a que pertençam.

Pela mesma razão, quando os partidos se movimentam ao sabor de interesses individuais, quando constituem simples massa de manobra, nunca poderão ter diretrizes definidas e sadias, pois estas só podem dimanar de objetivos claros e precisos, certos e impessoais, conhecidos e queridos por toda a massa partidária.

Um partido, pois, que pretenda realmente representar e defender as classes trabalhadoras e menos favorecidas, deve seguir uma linha política construtiva e não negativista. Para ser construtiva não é necessário que demande o palácio do governo em busca de acomodações e arranjos políticos, ou que renuncie ao direito da crítica; para não ser negativista, bastará que, na solução de qualquer questão ou problema, se inspire unicamente nas diretrizes de seu programa e adote a atitude e a posição que o bem comum e os interesses coletivos aconselham.

Mas, para tanto, é necessário ter um programa, isto é, uma concepção político-social e um conjunto de objetivos claros e definidos que devem constituir o denominador comum de todas as consciências, de todas as vontades partidárias e ponto de convergência de todos os esforços e atividades.

É precisamente esse ponto de referência e essa comunhão de pensamento e de sentimentos a condição de homogeneidade de qualquer agremiação política. Fora disso não haverá partidos, mas ajuntamento heterogêneos, sem coesão interna e que tenderão fatalmente a desintegrar-se tão logo desapareçam as circunstâncias acidentais que lhes motivaram a existência.

Um partido, para merecer esse nome e para ter condições intrínsecas de sobrevivência e de êxito, deve, em primeiro lugar, estar a serviço de um ideal; em segundo lugar, cumpre que os seus líderes ou dirigentes tenham a inteligência suficiente para compreender esse ideal e a honestidade bastante de não permitir a sua deturpação.

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